A morte das duas crianças carbonizadas num incêndio, dentro de casa, emocionou profundamente os moradores do povoado Gogó da Ema, na zona rural de Água Branca. A TV Clube conversou com os vizinhos que tentaram salvar os pequenos Samuel, de 5 anos, e Sofia, de 7. Os dois irmãos morreram em um incêndio na noite de sábado (3).
As duas crianças estavam sozinhas em casa quando o incêndio começou. Ainda não se sabe o que teria iniciado as chamas. Em pouco tempo, o fogo se alastrou dentro da pequena casa de um só cômodo onde os dois moravam com a mãe.
As casas imediatamente vizinhas estão desocupadas, e os pedidos de socorro só foram ouvidos por vizinhos que vivem um pouco mais distante.
Seu Francisco e a dona Rosa moram a cerca de 50 metros de distância da casa das crianças, e ouviram o choro de Sofia e Samuel. Eles foram os primeiros a perceberem o incêndio e tentaram ajudar as crianças. Ao chegar, encontraram a casa em chamas e o portão trancado.
"A gente não tinha meio de arrebentar o portão. É de ferro, tinha uma corrente e um cadeado. A gente só ouvia os gritos deles lá dentro, 'me ajuda, me ajuda', e nós dizendo 'meus filhos se acalmem, que nós vamos encontrar um jeito'", contou dona Rosa.
Outros vizinhos também apareceram para ajudar, mas não foi possível arrebentar o portão para tirar as crianças. A situação mudou quando o telhado da casa cedeu.
"De repente explodiu. Saiu aquele fogo para cima e começou a cair as telhas, os paus queimados. Então, quando começou a cair aquelas telhas, a gente não ouviu mais os gritos deles. Gritaram até a última hora", lamentou dona Rosa.
Sofia, Samuel e a mãe deles, Luzinete Ricardo da Silva, moravam na casa havia cerca de 9 meses.
Além de cuidar das crianças, Luzinete ajuda o pai, que tem a saúde debilitada. Na noite da tragédia, ela havia trancado os pequenos na casa para ir fazer o jantar do pai. A tragédia teria acontecido menos de uma hora depois da saída dela.
A casa foi cedida por um vizinho, Neto, sem nenhum custo. Segundo ele, Luzinete cuidava bem dos filhos. Ela trabalha como empregada doméstica em casas da região.
"A comunidade está toda sentida. Eu gostava muito porque os bichinhos eram carentes demais. Chegavam e abraçavam a gente", lamentou Neto.
Crianças sozinhas num incêndio
As crianças morreram em um incêndio, na noite de sábado (3), na casa onde moravam, localizada no Povoado Gogó da Ema, zona rural de Água Branca, 97 km ao Sul de Teresina.
Segundo vizinhos, a mãe das vítimas havia saído de casa e deixou os filhos trancados. Moravam na residência apenas a mulher e as crianças. Após o início das chamas, os irmãos gritaram por socorro, contudo, ninguém conseguiu arrombar o portão da casa.
A Polícia Militar do Piauí (PMPI) foi acionada, mas quando chegaram ao local o fogo havia tomado quase toda a casa. Os policiais solicitaram a ajuda de um carro-pipa da Prefeitura de Água Branca, que auxiliou no combate às chamas.
Após o fogo ter sido controlado, uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) solicitada pela PMPI entrou no local e encontrou os corpos das crianças carbonizados.
Os corpos foram encaminhados para o Instituto de Medicina Legal (IML) de Teresina, onde devem passar por exames cadavéricos e de confirmação da identidade antes de serem liberados para o sepultamento.
Ainda não há informação de prazo para a liberação. Muito abalada, em estado de choque, a mãe foi socorrida e encaminhada para o Hospital Municipal Senador Dirceu Mendes Arcoverde, na zona urbana de Água Branca.
Com relação à causa do incêndio, há a suspeita de vazamento de gás. No entanto, o Corpo de Bombeiros ainda deve determinar o que iniciou o fogo, com base na perícia feita no local. O caso será investigado pela Polícia Civil do Piauí (PCPI).
A Prefeitura de Água Branca divulgou uma nota de pesar lamentando a tragédia (veja abaixo). As duas crianças eram estudantes da rede municipal de ensino.
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