A vacinação de crianças contra covid-19 teve início nesta sexta-feira (14) no estado de São Paulo. O início da campanha foi simbólico, com apenas oito crianças vacinadas hoje na capital paulista. Como os imunizante chegaram ontem (13) de manhã ao Brasil, só na tarde de hoje as doses começaram a ser distribuídas aos 645 municípios paulistas. Com isso, a vacinação infantil no estado só terá início de fato na próxima segunda-feira (17).
O primeiro lote de vacinas da Pfizer/BioNTech, específicos para crianças de 5 a 11 anos, chegou ontem (13) ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), contendo 1,2 milhão de doses. Desse lote, que está sendo distribuído para todo o país, foram enviadas ao estado de São Paulo 234 mil doses. O imunizante é um pouco diferente do que está sendo aplicado atualmente no país, e a dose para crianças é menor.
Na primeira etapa de vacinação em São Paulo, terão prioridade crianças de 5 a 11 anos com comorbidades ou deficiências, indígenas e quilombolas. Estima-se que sejam vacinadas no estado 850 mil pessoas nessas condições.
“Com esse quantitativo que o Ministério da Saúde sinaliza encaminhar, nossa projeção é que a vacinação dessas 850 mil crianças se dê no período de 14 de janeiro até de 10 fevereiro. Dependendo da quantidade [de doses] que o ministério encaminhar, será possível a abertura por faixa etária a partir da segunda semana de fevereiro”, disse o secretário executivo da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, Eduardo Ribeiro.
A projeção pode ser antecipada se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar a vacina da CoronaVac para crianças, produzida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. O governo paulista já pediu autorização para uso dessa vacina em crianças com mais de 3 anos e espera que o pedido seja aprovado na próxima semana. Caso isso aconteça, São Paulo tem estoque suficiente dessa vacina para imunizar, em três semana, todas as crianças do estado.
Se tivesse as doses necessárias, o estado diz que poderia vacinar 250 mil crianças por dia. “Desde 16 de dezembro, São Paulo está preparado para vacinar crianças em seus 645 municípios. Claro que dependemos do envio de doses. Se tivéssemos o quantitativo de doses da Pfizer, faríamos isso em três semanas. Se, na semana que vem, a Anvisa tiver posicionamento sobre a vacina do Butantan, teremos capacidade de vacinar [nesse prazo]”, disse a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Regiane de Paula.
Xavante é o primeiro
A primeira criança vacinada contra a covid-19 no Brasil é Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos. Ele mora em Piracicaba, no interior paulista, e vem periodicamente à capital para tratamento de saúde no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP).
Nascido em uma tribo Xavante no estado de Mato Grosso, Davi tem problema nas pernas e precisa de uma órtese para andar. Durante nove meses, Davi e o pai, o cacique Jurandir Siridiwe, fizeram viagens periódicas à capital para tratamento no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.
O caso de Davi vem sendo estudado por especialistas que tentam identificar o que motivou a perda parcial de movimentos do menino. Como há outras crianças da mesma tribo com sintomas similares aos de Davi, os cientistas da USP estão conduzindo um estudo genético completo para apontar possíveis causas do problema.
Desde o início do ano passado, Davi passou a morar com uma tutora na cidade de Piracicaba, na região de Campinas. Ela o acompanha nas consultas rotineiras que garoto faz no HC com médicos das áreas de reabilitação e neurologia.
Comorbidades
A lista das comorbidades é definida pelo Ministério da Saúde. Pais e responsáveis precisam pelas crianças têm que apresentar nos postos de vacinação comprovantes como exames ou qualquer prescrição médica. Os cadastros já existentes nas unidades básicas de saúde também poderão ser utilizados para a vacinação.
A lista das comorbidades é a seguinte:
Insuficiência cardíaca
Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar
Cardiopatia hipertensiva
Síndromes coronarianas
Valvopatias
Miocardiopatias e pericardiopatias
Doenças da aorta, grandes vasos e fístulas arteriovenosas
Arritmias cardíacas
Cardiopatias congênitas
Próteses e implantes cardíacos
Talassemia
Síndrome de Down
Diabetes mellitus
Pneumopatias crônicas graves
Hipertensão arterial resistente e de artéria estágio 3
Hipertensão estágios 1 e 2 com lesão e órgão alvo
Doença cerebrovascular
Doença renal crônica
Imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos)
Anemia falciforme
Obesidade mórbida
Cirrose hepática
HIV
Fonte: AgênciaBrasil
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