O Programa de Alfabetização de Jovens Adultos e Idosos (Proaja) já iniciou suas aulas dando oportunidade a 200 mil piauienses saírem da condição de analfabetismo para conhecerem o mundo da leitura e escrita.
É o caso de Maria Aparecida de Oliveira Mesquita, 61 anos, estudante da Unidade Escolar Heli Sobral, no bairro Mocambinho, zona Norte de Teresina. Para a aluna, “o Proaja é um aprendizado novo, pois não sei quase nada, não sei nem ler nem escrever, isso vai me ajudar muito e a todos que se interessaram em enfrentar [o analfabetismo]”.
O governador Wellington Dias e o secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, visitaram, nesta quinta-feira (25), a turma da dona Maria Aparecida, para acompanhar as aulas das primeiras turmas do Programa. O Proaja foi lançado em julho de 2021 com objetivo de reduzir radicalmente o analfabetismo no Estado. A meta é atender 200 mil jovens, adultos e idosos até 2022.
Na oportunidade o governador Wellington Dias deu as boas vindas ao alunos de Teresina e também de outras cidade do Piauí a exemplo de Alegrete, Vila Nova e São Julião por meio da mediação tecnológica.
“Um dos maiores programas do PRO Piauí na educação é o Proaja. A Seduc já credenciou 34 entidades para atender a demanda da alfabetização nos 224 municípios do estado. Essas entidades são responsáveis pela busca das pessoas analfabetas, pela contratação dos alfabetizadores e por toda a metodologia que será aplicada nas turmas. Fizemos a busca ativa de mais de 200 mil piauienses. Passamos pelo diagnóstico, agora chegamos às aulas, que alfabetizará a população piauiense adulta que ainda precisa de um programa como esse, garantindo esse direito”, explica Ellen Gera.
O Proaja é realizado em parceria com instituições de ensino que, para fazer parte do programa, passaram por um processo de credenciamento que levava em consideração vários fatores como, por exemplo ter experiência de, no mínimo, um ano com Educação de Jovens e Adultos.
Wellington Dias esclarece que são 500 turmas que estão começando as aulas no Proaja. “Meu estímulo é para que cada professor e aluno deem as mãos para que todos possam ser alfabetizados e melhorem sua renda e sua vida, é isso que quer o estado do Piauí coordenado pelo PRO Educação e a Seduc”, afirma.
Na visita, o chefe do executivo piauiense também conversou com alunos e ouviu histórias como a de Irisdalva Silva, 51 anos que sonha em aprender a ler. “Meu sonho é aprender a ler, por que eu não sei ler. As vezes eu peço as pessoas para ler alguma coisa para mim e as pessoas ficam me criticando, por eu não saber ler. Eu tenho muita vontade de aprender e agora eu vou aprender com fé em Jesus para mostrar que eu consigo, eu vou ser vencedora por que eu sou batalhadora”, disse, emocionada, a dona de casa que teve de abandonar os estudos para ajudar a mãe que havia se separado, e precisava alimentar a ela e aos irmãos. Depois veio a dedicação exclusiva à família e o sonho de voltar a estudar está sendo possível graças ao Proaja.
O porteiro Carlos Roberto, de 53 anos, vê na educação a abertura de novas possibilidade profissionais. “Estou estudando para alcançar meus objetivos, para ter um emprego melhor, reconhecimento. Casei muito cedo, com 20 anos, e sempre tive que trabalhar para me sustentar e sustentar a família e os estudos foram ficando de lado. Agora eu retornei para ter um conhecimento melhor. Sou porteiro e o meu trabalho exige cursos para ter uma qualificação melhor”, enfatizou.
A dona de casa Maria José, de 56 anos, também estava emocionada com o primeiro dia de aula e conta um pouco da sua trajetória. “Quando eu tinha 16 anos eu inventei de me casar. Meu marido não deixou mais eu estudar e comecei a cuidar de ‘menino’. Agora que meus filhos estão grandes, casados, apareceu essa oportunidade. Eu me considero uma mulher guerreira, estou aqui pra continuar estudando, para aprender o que eu não aprendi. Meu marido foi embora e me deixou com duas crianças e eu precisei trabalhar nas casas.”, contou. A história dela é parecida com a de muitas mulheres que abdicaram da educação em prol do trabalho e de poder dar condições melhores aos filhos.
Apesar de não ter tido a oportunidade de estudar pela circunstâncias da vida, dona Maria José sempre entendeu o poder transformador que a educação possui na vida das pessoas. “No meio do ano minha filha vai se formar em contabilidade. Eu não estudei mas sempre fiz questão que eles estudassem, pois essa é a única herança que eu tenho pra deixar para eles que é o estudo”, disse toda orgulhosa, e já ambientada no espaço escolar. “Estou feliz porque vou fazer novos amigos, conheci”, finalizou.
O superintendente de Educação Técnica e Profissional e Educação de Jovens e Adultos, José Barros Sobrinho, acrescenta que o programa terá, ainda, bolsa no valor de R$ 400,00 para os alfabetizandos a fim de motivá-los ainda mais para o retorno à escola. A bolsa será dividida em três parcelas que serão relacionadas diretamente ao tempo que a pessoa permanecerá no programa.
“Nosso objetivo não é ter apenas a matrícula e, sim, ter pessoas que saibam ler e escrever. Por isso, o valor de R$ 400,00 da bolsa será pago da seguinte forma: 1ª parcela de R$ 100,00 após avaliação para comprovar que de fato que aquela pessoa é analfabeta e efetivação da matrícula; 2ª parcela de R$ 100,00, com a comprovação de frequência; e a 3ª parcela de R$ 200,00, após avaliação de aprendizagem provando que agora o aluno sabe ler e escrever”, detalha o superintendente.
Analfabetismo adulto
O analfabetismo adulto é o principal fator de desigualdade educacional entre o Brasil e a região Nordeste. No Piauí, também se observa essa assimetria. Segundo a PNAD 2018, o estado possui 421 mil analfabetos, sendo 58 mil em Teresina. O Brasil ainda detém o vergonhoso número de 11,25 milhões de analfabetos. Alguns investimentos nacionais foram realizados nesse setor ao longo do tempo, muito embora tenham se mostrado insuficientes para solucionar esse grave problema social.
Conceição Andrade, diretora da Unidade de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, acrescenta que o governador Wellington Dias sempre investiu em educação, sem esquecer daqueles que não aprenderam na idade certa. Em todos os seus governos a política da EJA esteve presente e conseguimos reduzir o analfabetismo de 30,5%, em 2000, para 16%, em 2019. “Com o Proaja, o governador está dando um passo maior, porque a ideia é que, após aprender a ler e escrever, o alfabetizando seja matriculado em um Centro de Educação de Jovens e Adultos e dê continuidade aos estudos, concluindo o ensino fundamental e médio e assim eleve sua escolaridade”, finaliza.
Fonte: Governo do Estado do Piauí
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