A Polícia Civil do Piauí cumpriu mandado de busca e apreensão e interditou a clínica particular que teria abandonado 20 animais mortos, entre cães e gatos, em um contêiner de lixo próximo à rodoviária de Parnaíba, no litoral do estado. O fechamento foi realizado na tarde desta terça-feira (30) e os responsáveis pela empresa ainda serão ouvidos.
A clínica foi interditada por tempo indeterminado. De acordo com a Polícia Civil, durante o cumprimento do mandado judicial, foram apreendidos remédios vencidos.
"O objetivo da ação era apreender documentos e colher dados da clínica veterinária para a continuidade das investigações. A 2ª Seccional de Parnaíba solicitou o mandado de busca e apreensão, como também pela suspensão da atividade comercial até regularização às normas ambientais, de saúde pública e de relações com o consumidor", explicou o delegado Ayslan Magalhães, que investiga o caso.
O dono da clínica, Carlos Eduardo Silva, admitiu que deixou os corpos dos animais no lixo da rodoviária de Parnaíba porque ia despejar os animais no aterro sanitário do município, mas foi impedido. Ele disse que avisava aos tutores que, em caso de morte, os animais teriam destinação "pública" porque o local atuava com preços populares e não teria condições de dar outra destinação aos corpos dos animais.
"A gente sempre estava consciente e repassava para o tutor que a destinação da Clínica Veterinária Popular sempre foi a destinação pública, o animal vinha a óbito e a gente dizia: 'vocês levem os animais de vocês porque a gente não tem condição, é uma clínica popular com preço abaixo de custo, e não temos como arcar com os animais'. E o que acontecia? Tinham pessoas que vinham e abandonavam aqui. Que nem sabia, quando a gente dizia que ia a óbito, não aparecia para pegar o corpo, e o que a gente fazia? Destinação pública. A gente embalava normalzinho, colocava no freezer, gelava, botava no saco adequado e eu fui deixar no aterro municipal. Ao chegar lá, não deixaram a gente colocar os animais. E ai por infelicidade minha, coloquei num contêiner da prefeitura para ser destinado ao aterro", citou.
Ele pediu desculpas pelo que aconteceu e disse que não fez de "malgrado", que tomou a atitude por não ter como dar outra destinação aos corpos dos animais. "Peço desculpas pelo acontecimento, pelo caso infeliz, e peço compreensão dos clientes da clínica piorque a gente não fez de malgrado. Foi um momento meu de loucura mesmo, não foi de malgrado", disse.
O descarte irregular dos pets causou revoltam, dor e tristeza nos tutores que tiveram que reconhecer os corpos dos animais. Cães e gatos foram encontrados com suturas, ainda com fraldas, uns castrados, outros cirurgiados.
O delegado disse ainda que os responsáveis pela clínica alegaram que mantêm contrato com uma empresa para a destinação correta dos corpos dos animais. "Contudo, eles só apresentaram os documentos que comprovam o descarte de materiais perfurocortantes e não dos animais. Tanto os representantes da clínica quanto dessa empresa citada serão ouvidos", acrescenta Magalhães.
Os responsáveis por abandonar os corpos dos animais podem responder por crime ambiental, descarte incorreto de resíduos perigosos e crime contra o consumidor, pois os tutores pagaram pelo serviço de destinação dos corpos.
O trabalho da Polícia Civil foi acompanhado por uma comissão do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-PI). O presidente Anísio Lima disse que os profissionais envolvidos no caso estão sujeitos a penalidades que vão desde à censura pública à perda do direito do exercício profissional.
Fonte: Cidade Verde
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