Um ano após o bárbaro assassinato da estudante de jornalismo, Janaína da Silva Bezerra, 21 anos, a família vive com medo, revoltada com a falta de julgamento e a dor da saudade. As irmãs de Janaína - uma menina de 16 anos e outra jovem de 19 anos – estão com aversão à UFPI (Universidade Federal do Piauí) e não querem estudar em nenhuma universidade. As jovens vivem isoladas e com medo de sair de casa.
Nesta segunda-feira (29), a mãe de Janaína, Maria do Socorro Silva, 55 anos, fez um apelo às autoridades para agilizar o julgamento de Thiago Mayson da Silva Barbosa, réu por estuprar e assassinar a estudante na madrugada do dia 28 de janeiro de 2023 durante calourada dentro da UFPI. No último julgamento, Thiago Mayson foi condenado a 18 anos e 6 meses de prisão, mas o juiz não considerou o crime de feminicídio e isso revoltou a família de Janaína.
Maria do Socorro disse que após a morte da Janaína, ela e as filhas vivem com medo e inseguras.
“Tenho medo de acontecer com elas, o que aconteceu com Janaína por causa da insegurança. Até agora não fizeram nada lá (UFPI), tudo escuro. Minhas filhas não querem fazer universidade. Pode ser que mude mais na frente. Não vou obrigá-las a ir (para a universidade). Elas vão se quiserem. Minha filha (Janaína) conseguiu chegar na universidade e foi morta. Tinha medo de minha filha ser assaltada, mas receber minha filha morta dentro de uma universidade, nunca pensei nisso”, disse a mãe de Janaína.
Quero que acabe logo
Com lágrimas nos olhos, Maria do Socorro disse que cada audiência, julgamento, evento, relembra a filha e a dor só aumenta.
“Tenho fé que Deus vai tocar no coração de todos. Não vejo a hora de acabar (sobre o julgamento). Essa coisa mexe comigo, me machuca, fico com ansiedade, sem vontade de comer. Quero que acabe logo. Esse negócio de julgamento, audiência, não tem paz. Mexe com a gente. Meu esposo chora que nem uma criança. Minha filha era para estar aqui, família revoltada, minhas filhas isoladas em um quarto com medo de sair de casa”.
Pra mim, ela está aqui, ela vai chegar e dizer: mãe cheguei
A mãe de Janaína disse que mesmo um ano após o crime a ficha ainda não caiu.
“Até agora não credito. Até agora não caiu a ficha. Às vezes, levanto à noite e vou no quarto, penso que ela está deitada e vou acordar e ela estará lá. Pra mim, ela está aqui, ela vai chegar e dizer: mãe cheguei. Não sei o que aconteceu, não sei que noite foi essa. Se soubesse que minha filha estava em perigo, tinha ido pegar ela”, disse chorando.
Apelo às autoridades
“Peço às autoridades justiça e que me ajude a melhorar as coisas. E o juiz ajude a marcar o novo julgamento para que ele pague o que fez com minha filha. Ele matou um ser humano que tinha uma vida pela frente, estava cheia de sonhos. Peço também mais segurança para todos. Pelo que vi lá (UFPI) continua sem segurança e do mesmo jeito”.
Fonte: Cidade Verde
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