Assassinado a tiros ao deixar um comício em Quito na noite de quarta-feira (9), o candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio havia desafiado publicamente o narcotráfico durante um discurso em palanque. Veja vídeo abaixo.
No dia seguinte ao assassinato, a facção criminosa conhecida como "Los Lobos" – considerada a segunda maior do país – teria alegado responsabilidade pela execução do candidato.
O atentado deixa recado ao demais candidatos à presidência do Equador e reflete a força do crime organizado na região. É o que explica Thiago Rodrigues, autor do livro “Política e drogas nas Américas: uma genealogia do narcotráfico” em entrevista a Natuza Nery.
"Villacencio já vinha sofrendo ameaças de assassinato porque o discurso dele tinha esse elemento anticorrupção. Ele também dizia que faria uma grande reforma do sistema penitenciário, de modo a evitar que os chefes do narcotráfico conseguissem operar de dentro do sistema penitenciário."
O Equador na rota do narcotráfico
"O Equador não é um grande produtor de cocaína", ressalta Rodrigues. Embora seja a Colômbia a principal produtora de cocaína do mundo, o professor no Instituto de Estudos Estratégicos da UFF explica que o Equador se tornou uma cobiçada porta de saída da cocaína em direção aos Estados Unidos e à Europa.
Rodrigues atribui a projeção do narcotráfico equatoriano:
ao aumento da demanda da cocaína no narcotráfico mundial;
às políticas de combate ao narcotráfico na Colômbia, que causaram a fragmentação de grupos criminosos no país e resultaram no fortalecimento dos cartéis no México.
"Nos últimos cinco ou seis anos, a situação de violência no Equador tem crescido muito porque coincide com a reestruturação do narcotráfico mexicano", detalha. "A cocaína colombiana, peruana e grupos mexicanos passaram a ter representações locais ou fazer alianças locais para poder usar esse corredor equatoriano."
Quem foi Fernando Villavicencio
Jornalista investigativo e líder sindical, o político tinha 59 anos e se declarava defensor de causas indígenas e trabalhistas. Em 2014, chegou a receber asilo político no Peru após acusar o ex-presidente Rafael Correa de crimes contra a humanidade.
Fonte: G1.com
Comentários (0)
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Comentar