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Massacre carcerário deixa 31 mortos no Equador e medo aumenta nas ruas

O Equador há muito é atormentado pela violência nas prisões. Com este último aumento de casos ocorrendo durante a campanha para as eleições de 20 de agosto, alguns candidatos presidenciais prometeram reformas nas prisões.

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Trinta e um detentos morreram durante confrontos em uma prisão de Guayaquil, em meio à nova onda de violência no Equador, que se estendeu até a noite terça-feira (25) às ruas da província de Esmeraldas. O dia de apreensão resultou em veículos incendiados, ameaças de bomba e rebelião.

"Sobe para 31 o número de mortos, e para 14, o de feridos nos confrontos registrados desde sábado na Penitenciária do Litoral, em Guayaquil", informou a Promotoria na rede social X, antigo Twitter.
No último sábado, o órgão que administra as prisões (SNAI) havia reportado três feridos leves devido a um incidente na penitenciária conhecida como Guayas 1. No dia seguinte, o órgão confirmou um confronto entre facções criminosas vinculadas ao narcotráfico e informou que havia seis mortos e 11 feridos.

Cerca de 3 mil policiais e militares entraram no centro hoje para retomar o controle do local. Na operação, a força pública apreendeu fuzis, revólveres, facões, dinamite, munições, drogas e dinheiro. Imagens divulgadas pelas Forças Armadas mostram também fogões, geladeiras, caixas de som, bijuterias e ventiladores.

Do lado de fora do centro prisional, uma centena de parentes clamava hoje por informações. Alguns carregavam balões brancos com os dizeres "Queremos paz".

Os internos não interessam (as autoridades), porque para eles são ratos. São seres humanos!", disse indignada à AFP uma mulher que procurava o marido e pediu para não ser identificada por questões de segurança.

O medo dos familiares é que os presos sejam transferidos para outra cela ou prisão, o que no passado levou a confrontos violentos.

O massacre em Guayas 1 levou o presidente Guillermo Lasso a declarar o sistema penitenciário em emergência por 60 dias.

Desde fevereiro de 2021, as prisões equatorianas são cenário de massacres recorrentes, que já deixaram mais de 420 detentos assassinados e um rastro de terror, com corpos decapitados e cremados.

Paralelamente à operação em Guayaquil, surgiram focos de violência na província de Esmeraldas, que faz fronteira com a Colômbia, e em sua capital, de mesmo nome, o que o governo atribuiu ao combate contra os grupos criminosos que atuam a partir das prisões e disputam as rotas do narcotráfico.


"O estado de exceção nos centros de privação de liberdade, para enfrentar o crime organizado e levar ordem às prisões, gerou a reação de grupos criminosos em Esmeraldas", destacou a Secretaria Geral de Comunicação (Segcom).

Detentos de Esmeraldas protagonizaram hoje uma rebelião que mantém "15 guardas e dois funcionários administrativos retidos", segundo a Segcom.

Controle de grupos criminosos
Alertas de bomba em postos de gasolina e um artefato explosivo desativado em uma sede da Promotoria levaram o governo local a suspender a jornada de trabalho e escolar na cidade de Esmeraldas, de 220 mil habitantes.

Lojas fecharam e pessoas se deslocavam a pé devido à falta de transporte, segundo a imprensa local. Criminosos fizeram um número indeterminado de reféns, que foram libertados graças à ação da polícia.

"Esmeraldas vem se tornando um regime de governança criminosa há muito tempo. Existe, ali, um controle direto e aberto de grupos criminosos", disse à AFP Luis Córdova, diretor do centro de pesquisas sobre conflitos e violência da estatal Universidade Central. Guayaquil, por sua vez, "tornou-se um epicentro de violência que chamou a atenção de muitos nos últimos dois anos."

Com saída para o Pacífico, Guayaquil é um centro de operações do narcotráfico no Equador. Localizado entre a Colômbia e o Peru - principais produtores mundiais de cocaína - o país apreendeu 455 toneladas de drogas desde que Lasso assumiu o cargo, em maio de 2021. No mesmo ano, o recorde anual de apreensões de drogas foi registrado em aproximadamente 210 toneladas.

Fim da greve de fome
Em consequência do confronto na prisão Guayas 1, mais de uma centena de agentes penitenciários foram retidos em cinco prisões do país. Segundo o balanço mais recente do governo, 120 dos 137 agentes de segurança penitenciária foram liberados.

Reclusos de 13 centros carcerários encerraram a greve de fome que haviam declarado no último domingo.

O Observatório de Prisões, que reúne acadêmicos e pesquisadores, criticou na rede social X as medidas de Lasso. "A militarização das prisões não é outra coisa que fazer do sofrimento humano um espetáculo político", acrescentou a organização de defesa dos direitos humanos para os presos.


Fonte: G1.com

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