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Os megaprotestos contra reforma previdenciária na França que incendiaram prefeitura no sul do país

Manifestantes em diversas partes do país seguem protestando contra reforma que aumenta idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.

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A prefeitura de Bordeaux foi incendiada em meio a protestos nacionais na França contra os planos do governo de aumentar a idade para aposentadoria.

Mais de um milhão de pessoas foram às ruas em toda a França na quinta-feira (23/03), sendo 119 mil delas em Paris, segundo dados do Ministério do Interior.

A polícia disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes na capital e 80 pessoas foram presas em todo o país.

As manifestações foram convocadas contra a legislação que eleva a idade mínima para aposentadoria em dois anos, para 64 anos.
Os sindicatos convocaram mais protestos para a terça-feira da próxima semana.

Não ficou claro quem foi o responsável pelo incêndio, que foi rapidamente apagado pelos bombeiros.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, procurou acalmar quaisquer preocupações antes da viagem do rei. Ele disse que a segurança "não representa nenhum problema" e que o monarca será "bem-recebido", segundo a AP.

Em Paris, as manifestações foram majoritariamente pacíficas, mas houve alguns confrontos entre a polícia e manifestantes mascarados que quebraram vitrines, demoliram parte do mobiliário urbano e atacaram um restaurante McDonald's, segundo a agência de notícias Reuters. Um policial chegou a ficar desacordado.

A agência de notícias AP informou que as forças policiais usaram gás lacrimogêneo e foram alvejadas por objetos e fogos de artifício. Na capital, 33 pessoas foram detidas.

A primeira-ministra da França, Élisabeth Borne, escreveu no Twitter: "Demonstrar e expressar divergências é um direito. A violência e a degradação que testemunhamos hoje são inaceitáveis. Toda a minha gratidão à polícia e às forças mobilizadas."

"Eu me oponho a esta reforma e realmente me oponho ao fato de que a democracia não significa mais nada", disse um manifestante à Reuters. "Não estamos sendo representados e, portanto, estamos fartos."

"É protestando que poderemos nos fazer ouvir porque todas as outras formas não nos permitiram retirar esta reforma", disse outro manifestante à agência de notícias AFP.
A manifestação provocou paralisações em aeroportos, viagens de trem, refinarias de petróleo e estabelecimentos de ensino. Professores em escolas e funcionários do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, aderiram às manifestações.

Atrações turísticas populares — como a Torre Eiffel e o Palácio de Versalhes, também foram fechadas na quinta-feira.
Na cidade de Rouen, no norte, imagens da manifestação mostraram uma jovem caída no chão após sofrer um ferimento grave na mão.

Testemunhas disseram que ela perdeu o polegar depois de ser atingida por uma granada conhecida como "flash-ball" disparada pela polícia para dispersar os manifestantes.

Também houve confrontos nas cidades de Nantes, Rennes e Lorient no oeste do país.

"As ruas têm legitimidade na França", disse um manifestante em Nantes. “Se o senhor Macron não consegue se lembrar dessa realidade histórica, não sei o que ele está fazendo aqui".

Os sindicatos e a esquerda consideraram o dia um sucesso. Mas analistas não sabem prever o que vai acontecer agora.
O governo espera que os protestos percam força e que a violência nas ruas afaste as pessoas.

A oposição diz que os protestos não vão diminuir, mas os sindicatos precisarão traçar uma estratégia daqui para manter a mobilização.

Desde janeiro, já foram realizados protestos em nove dias. Os sindicatos franceses convocaram mais um dia de protesto para a próxima terça-feira.

Os catadores de lixo parisienses, que iniciaram a greve contra a reforma da Previdência em 6 de março, renovaram a paralisação até a próxima segunda-feira.
A onda de protestos começou depois que o governo decidiu passar o projeto de lei que aumenta a idade de aposentadoria na câmara baixa do parlamento — onde não possui maioria absoluta — sem votação.

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a medida, dizendo que a reforma é uma necessidade para o país.

Fonte: G1.com

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