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Covid na China: mortes de celebridades estimulam desconfiança sobre número de vítimas

Mortes de figuras públicas, como da cantora Chu Lanlan e do ator Gong Jintang, têm gerado especulações sobre se perdas seriam maiores do que as relatadas pelas autoridades.

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Na quarta-feira (04), a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a China estava subnotificando o verdadeiro impacto da Covid no país — em particular, os óbitos.

As mortes de Chu Lanlan e de outras personalidades estão gerando especulações de que elas façam parte de uma quantidade muito maior de perdas para a doença do que as computadas oficialmente, embora no caso dessas figuras públicas não haja certeza de que tenham sido causadas pelo coronavírus.

Outra morte que causou tristeza e desconfiança foi a do ator Gong Jintang, no dia do Ano Novo.
Gong, de 83 anos, era conhecido por muitas famílias por sua atuação na série de TV mais antiga do país — em inglês, In-Laws, Out-laws, no ar desde 2000.

Não se sabe ao certo a causa da morte dele, mas muitos usuários de redes sociais relacionaram a morte recente do ator à de outras pessoas mais velhas.

"Por favor, Deus, por favor, trate melhor os idosos", escreveu a atriz Hu Yanfen, do elenco da série, na rede chinesa Weibo.

"Descanse em paz, Kang. Essa onda realmente custou a vida de muitos idosos, vamos garantir a proteção dos idosos em nossas famílias", escreveu um usuário no Weibo — "Kang" era o nome do personagem interpretado por Gong Jintang.
O aclamado roteirista Ni Zhen, de 84 anos, também morreu recentemente. Ele ficou famoso pelo filme Raise the Red Lantern, de 1991, considerado por vários críticos como um dos melhores filmes chineses.

Enquanto isso, Hu Fuming, que era jornalista e professor aposentado da Universidade de Nanjing, morreu em 2 de janeiro aos 87 anos.

Ele foi o principal autor de um famoso artigo publicado em 1978 que marcou o início do período "Boluan Fanzheng" da China — tempo de uma relativa normalização após a agitação da Revolução Cultural liderada por Mao Tsé-Tung.

De acordo com alguns cálculos que circulam na mídia chinesa, 16 cientistas dos principais institutos do país morreram entre 21 e 26 de dezembro.

Nos obituários, nenhuma dessas mortes constou como sendo causada pela Covid-19, mas isso não impediu a especulação na internet.

"Ele também morreu da 'gripe ruim'?" questionou comentário sobre a morte de Ni.

"Mesmo se você vasculhar toda a internet, não encontrará nenhuma referência à causa da morte", disse outro internauta.

Mas também houve críticas aos manifestantes que, em raros protestos, saíram às ruas em novembro pedindo o fim da política de "Covid zero" capitaneada pelo líder Xi Jinping.

"Essas pessoas estão felizes agora, vendo velhos... agora abrindo caminho para sua liberdade?", escreveu um internauta.

Xi pareceu referir-se indiretamente aos protestos em seu discurso de Ano Novo, quando disse que é natural em um país tão grande que as pessoas tenham opiniões diferentes. Mas ele instou as pessoas a se unirem na nova fase de combate à Covid na China.

As autoridades chinesas estão cientes do ceticismo generalizado quanto à sua política e aos dados divulgados, mas continuam a minimizar a gravidade da atual onda de Covid.

Em entrevista à TV estatal, o diretor do Instituto de Doenças Respiratórias de Pequim admitiu que o número de mortes de idosos até agora está "definitivamente maior" do que em nos anos anteriores, ao mesmo tempo em que destacou que os casos graves continuam sendo uma minoria do número total dos casos de Covid-19.

Esta semana, o People's Daily, jornal oficial do Partido Comunista, conclamou os cidadãos a trabalharem para uma "vitória final" sobre a Covid e rejeitou críticas à antiga política de "Covid zero".


Fonte: G1.com

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